Egressa do curso de Cinema vai participar de expedição da Família Schurmann em defesa dos oceanos

18/08/2021 11:44

Texto retirado da página “Notícias da UFSC”:

Carmina em ação (Foto de arquivo pessoal)

Uma egressa do curso de Cinema da Universidade Federal de Santa Catarina está prestes a partir para um longo desafio em alto-mar. Ela será assistente de câmera do projeto Voz dos Oceanos, uma expedição de dois anos liderada pela Família Schurmann, a primeira família latino-americana a circunavegar o mundo em um veleiro. Carmina Renones integra a expedição que tem o objetivo de documentar e identificar soluções para a poluição plástica, além de chamar a atenção para a Década dos Oceanos, com o apoio da Organização das Unidas.

“Durante a faculdade fiz muito isso (assistência de câmera) nos curtas e longas. Geralmente estava envolvida com as produções na área da fotografia, ora assistência, ora drone, ora direção.E assim começou essa história toda”, conta Carmina, que lembra mal ter acreditado quando recebeu o convite para fazer parte de uma expedição desse porte. “Fiquei em choque por alguns minutos, pensei que era trote. Inclusive agora, alguns meses depois, a produtora que me ligou ainda tira sarro da minha cara pelo meu áudio de resposta”, brinca.

A produtora chegou até a cineasta por meio da recomendação de um professor, que se tornou também um grande amigo depois dos anos de faculdade: Gabriel Varalla, supervisor do Laboratório de Cinematografia da UFSC, que tinha ele próprio recebido a proposta. “Eu tinha conhecidos que conheciam a família, mas não cheguei até eles por nenhum desses amigos: o processo foi inverso”, lembra ela, que embarca no próximo dia 29 de agosto.

Um dos pontos altos do trabalho, para ela, será a possibilidade de estar em contato direto com pessoas que se articulam para mudar o mundo. “É de extrema importância que nós, como habitantes, cuidemos dos nossos próprios resíduos, afinal, uma massa de quase 8 bilhões de pessoas tem um impacto maior do que qualquer outra espécie”, define.

Carmina nunca havia trabalhado de forma direta com a temática ambiental, mas revela que sempre se interessou pelo assunto. Além disso, a produção de documentários foi a área do cinema que decidiu seguir ao fim da faculdade. Ela acredita que o audiovisual é uma das ferramentas mais poderosas para disseminar ideias e mudanças sociais. “Espero que as imagens mostrem uma realidade que as pessoas não querem ver. Nossa poluição é muito grave.Propor estratégias de mudança, mudar hábitos é algo muito difícil, mas chega um ponto que não temos mais escolha”.

Rotinas e expectativas

Mesmo às vésperas de embarcar, Carmina conta que ainda não sabe como será sua rotina na expedição. “Pelo que me contam, a rotina é não ter rotina”. Apesar disso, as expectativas são altas. “Espero que o nosso trabalho ajude no caminho da mudança, na visibilidade dessa questão. É muito bom ter o objetivo também de propor alternativas ao uso do plástico, não apenas apontando o problema, que todos sabemos que existe em maior ou menor grau, mas também mostrando que existem alternativas viáveis, que podem ser adotadas por todos”.

Voz dos Oceanos deve percorrer cerca de 40 pontos estratégicos, incluindo algumas ilhas do planeta, entre elas, Fernando de Noronha, Manhattan/Nova York, e Dulcie, além de passar por alguns pontos dos mares onde os mais variados itens de plástico se acumulam, vindos de diferentes partes do mundo por meio das correntes marítimas. O retorno está marcado somente para 2023.

O veleiro Kat levará também a missão da ONU para diferentes países e nações, como ressaltou Denise Hamú, Representante da ONU Meio Ambiente no Brasil, ao anunciar o apoio à expedição. A expedição será uma plataforma para que cientistas, pesquisadores e ONGs possam embarcar com a Família Schurmann e realizarem pesquisas in loco nos mares e ilhas do mundo.

Como representante da UFSC nessa jornada, Carmina reitera a importância da sua formação no curso de Cinema. “Foi extremamente importante, não apenas pelo diploma, que muitas vezes é necessário quando se aplicando para trabalhos desse porte, mas, na minha visão, principalmente pelo crescimento humano que me proporcionou, pelos contatos que fiz, os amigos e professores, pelo pensamento crítico, e estratégico, pelo conhecimento prático da solução de problemas e improviso, pelas oportunidades e principalmente pelo tempo”.

Amanda Miranda/ Jornalista da Agecom/Com informações do Programa da ONU para o Meio Ambiente e do Voz dos Oceanos